ABCC alerta que importação de camarão de outros países pode causar prejuízos
A
Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC) está preocupada
com a possibilidade de o país realizar acordo com a Argentina no que se
refere à importação de camarão. Segundo o órgão, o produto trazido de
outra localidade pode conter diversas doenças que afetariam a produção
interna e coloca em risco os cerca de 550 produtores que atuam nas
regiões próximas a Mossoró.
O diretor técnico da ABCC, Enox Maia, destaca que o principal perigo
no que diz respeito à importação desse produto é a contaminação de
outros animais da região.
"Essa medida traz graves perigos de contaminação por enfermidades de
altíssima letalidade tanto aos camarões de cultivo, como aos estoques
naturais de camarões, lagostas, caranguejos, siris e outros crustáceos
objetos das pescarias artesanais e industriais, uma vez que os camarões a
serem importados são portadores de agentes etiológicos, como vírus,
bactérias, protozoários e parasitas que não são endêmicos em nosso
país".
Ainda segundo Enox, a importação afeta a produção de camarão local, que agrega mais de 80 mil empregos diretos e indiretos.
"A entrada do produto na nossa região pode ocasionar um verdadeiro
caos para os nossos produtores, que são mais de 550. A medida afeta
também, em um futuro bem próximo, as indústrias de processamento,
produtores de insumos e matérias-primas etc., relacionadas ao setor, bem
como à comunidade pesqueira artesanal do Estado, já fragmentada e
dependente cada vez mais do seguro defeso, que além de insuficientes,
viciam tais cidadãos", argumentou o diretor técnico.
De acordo com informações da ABCC, as Instruções Normativas 39/1999 e
12/2011 do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) determinam que todo e
qualquer produto oriundo da aquicultura e pesca extrativa, para ser
importado, passe por uma Análise de Risco de Importação (ARI). Tal
procedimento leva anos para ser concluído e necessita de uma comissão de
especialistas nacionais e estrangeiros nomeados pelo MPA.
Recentemente a ABCC enviou documento de contestação à análise feita
pelo ARI. Entre os argumentos fornecidos pela Associação, estão os
riscos para a biodiversidade brasileira de crustáceos e para a
socioeconomia primária das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul, onde a
pesca extrativa de camarão, lagosta e caranguejos, bem como a
carcinicultura, constituem-se em importantes ferramentas de inclusão
social e de geração de emprego, renda e oportunidades de negócios para
pescadores, trabalhadores rurais, armadores de pesca e carcinicultores.
JORNAL O MOSSOROENSE
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